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Bactérias intestinais provocam artrite

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A artrite reumatóide – doença inflamatória crônica de origem autoimune que acomete principalmente articulações sinoviais, causando dores, deformidades progressivas e incapacidade funcional – pode ser desencadeada por bactérias que habitam, naturalmente, a flora intestinal humana.

Essa foi a conclusão a que chegaram os pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard, Christophe Benoist e Diane Mathis, e da Universidade de Nova Iorque, Dan Littman, ambas nos EUA, quando estudavam ratos com propensão a desenvolver artrite. Eles perceberam a ocorrência da doença depois de terem constatado que na ausência total de bactérias, os animais não desenvolveram a doença, no entanto, ao ser inserida uma única bactéria, o processo inflamatório teve início.

As informações sobre o estudo podem ser encontradas em um artigo publicado na edição do dia 25 de junho da revista Immunity.

No intuito de testar o impacto desses microrganismos intestinais no desenvolvimento da artrite reumatóide, os cientistas mantiveram um grupo de ratos, com tendência para desenvolver a doença, em um ambiente isento de bactérias (modelo K/BxN) e o outro grupo na presença desses organismos.

Foi possível constatar que nos animais do primeiro grupo os sintomas da artrite foram fortemente atenuados, seguido de uma redução nos níveis de auto-anticorpos no soro, do número células esplênicas secretoras de auto-anticorpos, dos centros germinativos e de células esplênicas T helper 17 (Th17), quando comparados com aqueles do segundo grupo.

Os experimentos mostraram que o desenvolvimento da artrite nos animais K/BxN, livres de patógenos específicos foi impedido pela neutralização de interleucina-17 – uma citocina pró-inflamatória produzida principalmente pelos linfócitos T ou seus precursores. Esse processo ocorreu devido a um efeito direto dessa citocina nas células B impedindo a formação do centro germinal - local onde os linfócitos B proliferam, sofrem mutações, morrem ou são selecionados para produzir um determinado anticorpo.

Quando mantidos em ambiente livre de microorganismos (GF ou germ-free), os ratos mostraram deficiências sistêmicas que se refletiram em uma perda de células Th17, provenientes da lamina própria do intestino delgado - fina camada de tecido conjuntivo frouxo que se encontra abaixo do epitélio e que se junta a ele para formar a mucosa.   

A introdução de uma espécie de bactéria filamentosa, própria da flora intestinal, nos animais GF, promoveu o restabelecimento do compartimento produtor de células Th17 da lamina própria, da produção de anticorpos e o rápido desenvolvimento da artrite.

A partir desse estudo, os pesquisadores puderam concluir que a presença de apenas uma espécie de bactéria intestinal pode, pela sua capacidade de estimular um subconjunto de células Th, desencadear o desenvolvimento de doenças autoimunes.
24/06/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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