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Administração eficiente de fármaco

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Algumas partes ou órgãos do corpo humano, como por exemplo, os pulmões, o trato reprodutor feminino, os seios da face, os olhos e o trato gastrointestinal, possuem uma característica em comum que, quando acometidos de alguma doença ou alguma desordem qualquer, pode dificultar o tratamento medicamentoso, que é a presença de uma espessa mucosidade, a qual exerce o papel de proteção. Essa camada de muco acaba impedindo também a penetração de alguns tipos de drogas.

Para tentar aperfeiçoar o tratamento de certas doenças foi desenvolvido um método conhecido como “entrega de drogas” (do inglês drug delivery) que é um método ou processo de administração de fármacos, com o objetivo de obter um efeito terapêutico, tanto em animais, quanto em seres humanos. A tecnologia utilizada procura modificar a forma de liberação, de absorção, de distribuição e de eliminação da droga, para melhorar a eficácia e segurança dos medicamentos, assim como para atender às necessidades do paciente.

A forma de administração é, na maioria das vezes, não invasiva, ou seja, via oral, pela pele, transmucosa ou inalatória. Dependendo da natureza química de muitos medicamentos, essas formas de administração podem não ser as ideais, pois existe a possibilidade de ocorrer a degradação enzimática das moléculas (peptídeos, proteínas, anticorpos, vacinas e medicamentos à base de genes) ou mesmo dificultar a sua absorção. 

No intuito de tentar melhorar a administração de alguns medicamentos e consequentemente, o tratamento de certas doenças, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, EUA, criaram nanopartículas biodegradáveis capazes de atravessar a secreção produzida pelas mucosas e entregar o medicamento no órgão ou tecido alvos.  A equipe de cientistas foi liderada pelo professor de química e de engenharia biomolecular da universidade e o estudo foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

A partícula criada pelos pesquisadores é um copolímero dibloco de poli (ácido sebácico, PSA) e poli (etileno glicol, PEG). Ligados um ao outro, o PSA e o PEG, facilitam a movimentação da partícula através do muco e permite que o medicamento fique mais tempo em contato com o tecido doente. O PSA, em relação a outros materiais, como por exemplo, o látex tem a vantagem de poder se degradar naturalmente em moléculas que serão, posteriormente, excretadas via sistema renal. Essa característica do PSA possibilita a liberação da droga no tecido de forma que ela passe pela mucosa e seja absorvida pelo tecido. Para testar a nova partícula foi utilizado no presente estudo o muco cervicovaginal e o material expectorante da fibrose cística de seres humanos. 

Os resultados obtidos foram bastante animadores, principalmente quando comparado com pesquisas anteriores utilizando o látex. No estudo atual, a partícula PSA-PEG biodegradável mostrou boa capacidade de penetração em muco não ovulatório fresco e não diluído, de mulheres saudáveis.  Da mesma forma se deu utilizando a expectoração dos pulmões de paciente com fibrose cística.  

A partir dos resultados positivos obtidos nesse estudo, os cientistas acreditam que será possível aprimorar as terapias de administração de drogas em diferentes tipos de superfícies mucosas, como as da face, do trato gastrointestinal, entre outros.  

08/01/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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