O Ministério do Meio Ambiente lançou esta semana um projeto que deverá ajudar uma das mais necessitadas regiões do país, a caatinga. Em conjunto com o Conselho da Reserva da Biosfera da Caatinga, secretarias estaduais de Meio Ambiente do Nordeste e outras instituições, o Governo Federal apresentou oficialmente o Banco de Dados Geográfico do Bioma Caatinga - Cenários para o Bioma Caatinga.
Trata-se de um enorme banco de dados público, com cerca de 40 gigabytes de tamanho, contendo informações sobre o bioma de toda a caatinga, e reunindo o conhecimento científico e socioeconômico que se tem do local, além de dados sobre sua fauna e flora, que ocupa cerca de 70% do Nordeste do país. O objetivo do projeto é servir como um instrumento para a elaboração de políticas públicas que busquem o desenvolvimento sustentável na região. Outra característica importante do projeto é trabalhar com o bioma específico da caatinga, e não simplesmente do Nordeste, trazendo mais informações e dados sobre esta área onde vivem atualmente cerca de 20 milhões de brasileiros.
O banco de dados estava em desenvolvimento desde o mês de abril deste ano, mas somente agora seu lançamento oficial colocará à disposição de governos, indústrias e pesquisadores as informações coletadas ao longo destes meses. O serviço deverá ser inicialmente utilizado por dois grupos de pessoas já treinados para pesquisar a enorme quantidade de mapas, textos e tabelas com dados socioeconômicos, culturais, geográficos e ambientais presentes no banco.
Caatinga - Biomassa brasileira
A caatinga é atualmente uma das regiões brasileiras mais ameaçadas pela exploração de recursos naturais e ocupação desordenada do espaço. Com cerca de 900 mil quilômetros quadrados, sofre hoje com três grandes problemas: a caça, as queimadas e o desmatamento para a retirada de lenha. No Nordeste, cerca de 30% da matriz energética tem como base a queima de madeira.
Apesar de parecer árido e deserto, o único bioma exclusivamente brasileiro é na verdade muito rico. O aspecto seco das plantas apenas reflete sua adaptação para sobreviver ao clima. Lá, encontram-se várias espécies raras de animais, aves e plantas, como a arara-azul e o mandacaru. Atualmente existem na caatinga 28 espécies de animais em extinção. Além disso, cerca de 400 mil hectares são desmatados no bioma todo ano. Com a utilização do Banco de Dados, espera-se que sejam desenvolvidos projetos que busquem o desenvolvimento sustentável e uma melhor utilização dos recursos naturais da região.
Zoneamento Ecológico-Econômico O projeto do Banco de Dados Geográfico é na verdade o primeiro produto do processo de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) da Região Nordeste, parte de um plano maior do Governo Federal, que pretende elaborar estudos como este para todas as regiões do país.
O ZEE é um instrumento de orientação para todas as ações, públicas ou privadas, a serem desenvolvidas em uma área de forma que não se permita a degradação do ambiente, ou seja, é um documento que define normas e medidas de ação prevendo o quanto um determinado local pode ter seus recursos aproveitados, de acordo com suas características básicas. As informações provenientes do Banco de Dados Geográfico para o Bioma Caatinga darão suporte ao desenvolvimento dos zoneamentos regionais, estaduais e municipais na zona da caatinga.
22/07/2004
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