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Biotecnologia ajuda na criação de árvores que combatem a poluição

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No terreno de uma fábrica de chapéus desativada nos EUA, uma amostra de algodão geneticamente modificado absorve mercúrio do solo contaminado. Na Califórnia, cientistas já utilizam mostarda Indiana transgênica para absorver depósitos de selênio causados pela irrigação. Enquanto isso, outros pesquisadores trabalham para conseguir produzir árvores capazes de reter mais CO2, combatendo o aquecimento global.

Os cientistas por detrás destes exóticos experimentos enxergam um mundo no qual plantas podem ser usadas como uma opção barata, segura e mais eficiente de tratar a poluição. “Árvores são feitas para isso, agora só temos que ensiná-las a fazer o que queremos que façam”, disse Richard Meagher, da Universidade da Geórgia.

Lá estudantes participam de um avançado projeto ao ar livre de redução da poluição através de árvores geneticamente modificadas.

Por décadas, biólogos tentaram descobrir os mecanismos genéticos que permitem a organismos microscópicos sobreviver em ambientes poluídos, nos quais a maioria dos seres vivos morre. Agora, a idéia de diversos cientistas norte-americanos é colocar essa capacidade a serviço do meio ambiente.    O plano é fazer com que certas plantas sirvam como acumuladores de materiais poluentes, filtrando-os do ambiente ao redor. Dentro de um organismo vivo, elementos como mercúrio não podem ser quebrados em pedaços pequenos. Assim, os cientistas optaram pelas plantas como forma de retirar poluentes do solo.

Em sua pesquisa, Meagher usa genes da bactéria Eschirichia coli que permitem à maioria das bactérias viver no mercúrio. Ele “separou” os genes em uma variedade de plantas em laboratório, e diz que os resultados são extremamente positivos. No entanto, o real desafio encontra-se em testar as plantas geneticamente modificadas fora do laboratório. O local escolhido foi a cidade de Danburi, que na virada do último século reinou como a capital das fábricas de chapéu.

O couro animal usado nessas fábricas era amolecido com mercúrio, e o lixo resultante era despejado no ambiente. Somente depois de anos os residentes descobriram como o mercúrio age sobre o sistema nervoso central. Até então, muitos dos funcionários sofreram com as “Danbury shakes”, doenças causadas pela presença do material.

O time de Meagher plantou cerca de 45 pés de algodão geneticamente projetados em um local poluído. As árvores devem tratar o mercúrio como um nutriente, retirando-o do solo com as raízes. A equipe espera que uma parte do mercúrio evapore no ar, enquanto a maioria do material deposite-se na árvore.    Depois de anos crescendo e removendo o material, as árvores serão cortadas e incineradas. 

Meagher espera resultados do experimento ainda este ano. Ele imagina que, para ter um efeito prático, centenas de árvores deveriam ser plantadas. Mas, se o método proposto por ele funcionar, o custo de limpeza de um acre de solo deve cair de R$2 milhões para menos de R$200 mil, uma diminuição de 90%.

Ele concorda com críticos que argumentam que esta solução encontrada não é a ideal, mas afirma que as árvores podem superar o atual método de limpeza de terrenos poluídos. Ele ainda disse que espera, um dia, plantar árvores no norte da índia e em Bangledesh, onde o veneno arsênico é muito intenso. A água potável da região já foi contaminada pelos lençóis naturalmente poluídos do solo e também por causa dos processos das fábricas.

Mesmo assim, alguns aliados em potencial temem a solução. Eles tem medo de que as “plantas anti-poluição”, por exemplo, possam misturar-se com suas versões não-naturais, e que os genes de limpeza industrial contaminem suas versões naturais.

Promessas de que pesquisadores estariam projetando árvores estéreis não acalmaram os contrários. “Sou um pediatra, e posso garantir que nenhum controle de natalidade funciona cem por cento”, disse o Dr, Jim Diamond, o expert em biotecnologia do Clube Sierra. “E não vejo estes métodos funcionando em árvores também”.

As críticas alimentam a incerteza do público e tornam ainda mais difícil para os pesquisadores apoiarem suas idéias e aplicarem seus trabalhos. Meagher está operando com cerca de US$1 milhão.    Outro problema apontado por Meagher é a dificuldade de conseguir financiamento. “Para as instituições, este projeto não é tão interessante quanto tentar curar o câncer”.

Mesmo assim, muitos cientistas estão se unindo neste pouco conhecido braço da biotecnologia, como pesquisadores na Universidade de Purdue, nos EUA, que estão trabalhando em árvores que retém mais carbono, em um esforço pra combater o aquecimento global. 
 
 

  
06/07/2005
 

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