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Genotipagem detecta ovinos resistentes

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Em diversos países, a criação de ovinos tem se mostrado um negócio muito promissor. No Brasil, dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009, revelam que o efetivo de ovinos é de 16,8 milhões de cabeças, crescimento de 1,1% frente as 16,6 milhões de cabeças de 2008.

Apesar de todas as melhorias que vem sendo observadas nesse setor, por meio de fatores como o melhoramento genético, a otimização das técnicas de manejo e o investimento na nutrição e na saúde dos animais, os produtores ainda se deparam com aquele que é considerado o principal problema enfrentado pelos criadores de ovinos e caprinos, a verminose gastrointestinal. Mesmo com a existência de inúmeros tratados técnicos sobre o assunto, a informação disponível é pouco aplicada na prática para o controle eficaz destes parasitas.

Um estudo atual desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Agricultura dos EUA (sigla em inglês, USDA) e do Instituto Internacional de Pesquisa de Livestock (ILRI), descobriu que uma determinada raça de ovinos possui resistência genética para algumas espécies de nematódeos. Eles foram os primeiros a localizar os loci de caraterística quantitativa (QTL, do inglês quantitative trait locus), local de um gene no cromossomo associado com o controle de uma característica quantitativa, relacionados à resistência a parasitas nematóides gastrointestinais.

Os pesquisadores realizaram o mapeamento das regiões do genoma que controlam a resistência a essa classe de nematódeos de um rebanho de ovinos criados pelo ILRI. Os carneiros híbridos provenientes dessa criação, foram produzidos por meio do cruzamento da raça chamada Maasai Vermelho, tolerante a parasitas gastrointestinais, com animais da raça Dorper, menos suscetível. Posteriormente, foram realizados cruzamentos dos filhotes machos com as fêmeas de ambas as raças.

Para avaliar os resultados desses cruzamentos, os cientistas realizaram a genotipagem de 20 por cento da progênie do retrocruzamento no intuito de mapear as QTL que afetaram a resistência dos animais aos parasitas. Durante três meses, os pesquisadores realizaram a coleta de sangue e de ovos presentes nas fezes de mais de 1.060 cordeiros criados em pastagem infestadas de parasitas. Os cordeiros foram selecionados por meio da genotipagem baseada em indicadores de parasitas, tendo sido detectado um número signifcativo de QTL, nos cromossomos 3, 6, 14 e 22, para a contagem média de ovos presentes nas fezes e o volume de hematócritos.

Os resultados mostram que a genotipagem pode ser uma alternativa interessante para a seleção de animais resistentes aos parasitas nematóides grastrointestinais, o que vai refletir de forma positiva no processo produtivo, diminuindo o custo com medicamentos e a perda de peso dos animais.

28/10/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG