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Toxina Bt modificada elimina pragas

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A partir do advento da Teoria da Evolução, proposta por Charles Darwin, o ser humano começou a compreender melhor a capacidade que os seres vivos têm de evoluir e de se adaptar às mais diversas condições. Basicamente, quatro são os mecanismos evolutivos que explicam a variação observada dentro de uma espécie e entre espécies diferentes: influências ambientais, recombinação, mutação e seleção natural. Dentre elas, as duas últimas são as que constituem os principais fatores evolutivos.

Com o desenvolvimento das ciências da vida, mais precisamente na área da biologia molecular e da genética, o homem deu passos importantes na busca por soluções eficientes para a maior parte das suas necessidades. Uma das principais realizações científicas foi o desenvolvimento dos organismos geneticamente modificados (OGM), os quais vêm trazendo importantes benefícios para o ser humano.

A agricultura talvez seja um dos setores mais beneficiados por essa tecnologia, pois ela possibilita que o agricultor possa cultivar, por exemplo, plantas geneticamente modificadas (GM) mais resistentes a determinados tipos de pragas, o que diminui a necessidade do uso de defensivos agrícolas, à condições climáticas adversas, e com maiores teores de alguns nutrientes, entre outros benefícios.

Entretanto, mesmo a tecnologia mais avançada pode ser superada pelas ferramentas desenvolvidas pela natureza que garantem a adaptação e sobrevivência dos seres vivos. Essas estratégias estão levando algumas espécies de insetos a se tornarem resistentes à toxina do Bacillus thuringiensis (Bt), presente em diversas culturas para combater certas pragas das lavouras.

Ao constatarem o fato, uma equipe de pesquisadores, liderada pelo professor do Departamento de Entomologia da Universidade do Arizona, EUA, Bruce Tabashnik, desenvolveu um estudo, que foi publicado na edição do dia 09 de outubro da revita Nature Biotechnology, revelando que ao se modificar a estrutura da toxina Bt, é possível transpor a resistência desenvolvida por algumas pragas, àquela não alterada.

Para tentar solucionar esse problema, os cientistas sintetizaram as toxinas Bt geneticamente modificadas - Cry1AbMod Cry1AcMod – a partir das originais - Cry1Ab e Cry1Ac -, das quais os insetos já desenvolveram a resistência.  A técnica de utilização dessa toxina para combater certas pragas, se baseia na interação da substância com receptores específicos presentes nas células da parede intestinal dos insetos.

O que os cientistas já sabem é que a toxina Bt se liga a uma proteína chamada caderina – presente no intestino dos insetos – e que esse processo leva à sua morte. No entanto, nos animais resistentes o resultado dessa ligação foi que as enzimas do próprio inseto agiram sobre a toxina inativando-a.  

Em seus experimentos os pesquisadores identificaram numa praga do algodão mutações que modificaram a estrutura da caderina, tornando-a resistente à toxina, pois promovia uma fraca ligação da toxina com a proteína. A partir dessas informações eles perceberam que os insetos que continham essas alterações genéticas, possuíam a estrutura da caderina modificada, não permitindo então a ligação dela com a toxina.

Os dados obtidos levaram as equipes a produzir toxinas Bt já modificadas, afim de que não fosse mais necessária a sua ligação com a caderina. Dessa forma, eles acreditavam que, qualquer inseto portador dessas mutações poderia ser morto pela toxina modificada, no entanto, os testes realizados em diferentes laboratórios mostraram que nem sempre isso ocorria, pois a técnica funcionou com insetos que não tinham as modificações na caderina.  Apesar dos resultados prévios terem sido animadores, serão necessários ainda testes de campo para se certificar da eficácia dessas toxinas modificadas.

14/10/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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