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Biossegurança da carne brasileira

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Em meio a um dos maiores escândalos do setor do agronegócio no Brasil, com a descoberta de irregularidades na cadeia produtiva da carne, corrupção por fiscais agropecuários e prejuízos em larga escala nas exportações, uma boa notícia pode ajudar a recuperar a imagem da pecuária nacional, dentro e fora do país.

Na última quinta-feira (30), foi inaugurado o Laboratório Multiusuário de Biossegurança para a Pecuária (Biopec), instalado na unidade Gado de Corte da Embrapa, na cidade de Campo Grande (MS). O evento contou com a presença do ministro Blairo Maggi – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) – juntamente com Maurício Lopes, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja.  

Com uma área total de aproximadamente 1.000 m2, dos quais 500 m2 com infraestrutura contendo áreas de contenção em biossegurança nível 2 (NB2) e nível 3 (NB3) e uma estrutura para biotério de manutenção e experimentação animal Nível 3, o Biopec possui tecnologia de ponta para desenvolver pesquisas relacionadas com agentes de alto risco, tais como o vírus da febre aftosa, da influenza aviária e suína, raiva, brucelose e tuberculose. Além desses agentes virais, poderão ser realizados estudos com bactérias como a da tuberculose bovina, a causadora do botulismo, do antraz, da salmonelose e as relacionadas às intoxicações alimentares.

Pesquisas com outras doenças, tais como as encefalopatias espongiformes (EE), bovina e o scrapie, que acomete caprinos e ovinos poderão ser estudadas no Biopec. As EE são doenças que atacam animais e seres humanos em várias formas. Esse grupo de doença está relacionado com a degeneração do sistema neurológico devido ao acúmulo de uma proteína conhecida como príon, uma abreviação do inglês para proteinaceous infections particles.

Com um investimento de cerca de R$ 10 milhões, provenientes de recursos da Embrapa e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o início do funcionamento do laboratório está previsto para este mês de abril, porém apenas nas instalações para análises em biologia molecular e operações de suporte.

Esse investimento se justifica mediante um mercado altamente promissor que segundo a Embrapa/SGI, nos últimos quarenta e dois anos a produção de carne de aves aumentou 22,7% - carne bovina 4,05 vezes, suína 4.88 e a produção leiteira está 4 vezes maior.

Os números são ainda mais expressivos quando analisados em um âmbito mais global, com um valor bruto da produção agropecuária brasileira de cerca de U$ 156 bilhões, com uma contribuição percentual das carnes de ave, bovina e suína de 10,5%, 14% e 2,7%, respectivamente. Entre empregos diretos e indiretos, a produção de carne emprega 6,7 milhões de pessoas.

No mercado internacional, o Brasil é responsável por 20% das exportações de carnes suína, de aves e bovina para 150 países, movimentando U$ 14 bilhões.

Diante desse enorme potencial de produção de proteína de origem animal e da representatividade do Brasil no mercado externo, todo e qualquer investimento que garanta a qualidade do produto nacional, desde o campo até a mesa do consumidor, passando pelas pesquisas de ponta, deve ser estimulado e mantido pelos órgãos governamentais, assim como pelas empresas.

 

17/04/2017
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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