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O futuro dos medicamentos biológicos

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Está cada vez mais evidente a importância que os biofármacos têm, tanto para a indústria farmacêutica, como um mercado altamente lucrativo, quanto para milhares de pacientes que já se beneficiam com a elevada eficiência desses medicamentos no combate a diversas doenças, principalmente o câncer.

Conhecidos também como medicamentos biológicos, eles atuam de forma mais seletiva e são elaborados utilizando matérias-primas de origem biotecnológica – proteínas obtidas a partir de células modificadas geneticamente, e biológica – extraído de microrganismos, órgãos e tecidos de origem vegetal ou animal, células ou fluídos de origem humana ou animal. Esses produtos são desenvolvidos a partir da biologia molecular e, geralmente, usados no tratamento de doenças crônicas, como hepatites A e B, câncer, artrite, diabetes, psoríase, entre outras.

Esses medicamentos têm um mecanismo de ação diferente, pois são capazes de restringir a área de atuação e agir de forma pontual e específica contra determinadas doenças, característica esta, que permite uma personalização do tratamento. De acordo com o professor do departamento de clínica médica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em entrevista a um portal de informação sobre atrite reumatóide, essa nova tecnologia caracteriza-se pela sua especificidade, ou seja, ao invés de uma cobertura sistêmica, que atua em todo o corpo, passa-se a trabalhar com receptores particulares, reduzindo os efeitos adversos e atuando no mecanismo da doença.

A produção de um biofármaco é muito mais complexa, quando comparada com os medicamentos sintéticos convencionais, já que as substâncias terapêuticas só podem ser feitas por sistemas vivos e têm uma estrutura molecular extensa e heterogênea, o que requer tempo e investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

Com um cenário altamente favorável, as grandes indústrias farmacêuticas além de aumentarem os seus investimentos para o desenvolvimento dos biofármacos, e consequentemente a oferta desses medicamentos no mercado, vem incorporando grandes empresas de biotecnologia, assim como as de pequeno porte que desenvolvem uma tecnologia considerada promissora. De acordo com dados de uma consultoria do setor, até 2014 sete dos principais produtos oriundos dessa classe de medicamentos estarão entre os dez maiores do mundo em receita.

Dentre as empresas de biotecnologia que produzem os biofármacos, as que mais vêm chamando a atenção das farmacêuticas são aquelas dedicadas à pesquisa de um ou de alguns dos cerca de 200 tipos de câncer estudados. A vantagem dessa aquisição está no ganho de anos de pesquisa no sentido de diminuir o caminho até que o medicamento esteja apto a ser lançado comercialmente.    

Outro motivador das empresas para a produção dos biofármacos é a perda das patentes de alguns dos medicamentos sintéticos mais lucrativos, levando as grande indústrias à investir nesse novo mercado, com o objetivo de recuperar parte do lucro perdido.

Apesar de ter um nível de investimentos ainda muito incipiente quando comparado a outros países, a produção de biofármacos no Brasil tem se tornado bastante atraente, com o desenvolvimento, por exemplo, de uma droga que combate o câncer de ovário, a partir de milhões de reais recebido de vários fundos. Mas, os investimentos não param por aí, em março o governo por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), investiu em duas grandes empresas formadas por grandes laboratórios.

Mesmo com o cenário tão promissor dos biofármacos e com resultados clínicos positivos, a maior receita ainda se manterá com a venda dos medicamentos sintéticos, entretanto, não há mais como desconsiderar o valioso mercado desses produtos e a sua comprovada eficácia no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer.

06/07/2012
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG