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Proteína reguladora causa depressão

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A depressão é uma desordem psiquiátrica que, de acordo com estudos recentes, afeta de 10 a 25% das pessoas que procuram os clínicos gerais, apresentando os sintomas típicos da enfermidade. Embora não haja uma idade específica para o desencadeamento da doença, a maioria dos casos tem seu início entre os 20 e os 40 anos. Fatores como, o histórico familiar de depressão, sexo feminino, idade avançada, episódios anteriores de depressão, parto recente, eventos estressantes e dependência de droga, podem concorrer para o desenvolvimento da patologia. Além desses fatores, diversos estudos têm mostrado uma possível origem genética da depressão.

O tratamento é feito com medicamentos chamados antidepressivos, que agem no sistema nervoso central restaurando o equilíbrio dos circuitos e dos neurotransmissores. Apesar de atingir uma eficiência de até 85% de resposta, essas drogas podem causar diversos efeitos colaterais, além disso, a resposta é diferente para cada indivíduo. Tendo em vista a constante necessidade de aperfeiçoar os medicamentos para tratar a depressão, pesquisadores da Universidade de Yale, EUA, desenvolveram um estudo que mostrou a contribuição do gene MKP-1 no desencadeamento dessa patologia e o mecanismo de bloqueio da sua ação. Os resultados da pesquisa podem ser encontrados na edição do dia 17 de outubro da revista Nature Medicine.

Após a análise genômica, os cientistas realizaram a comparação da expressão gênica entre as amostras de tecidos de 21 pessoas falecidas com um histórico de depressão, e de 18 indivíduos que não desenvolveram essa patologia. O resultado mostrou que a expressão da proteína quinase ativada por mitógeno (em inglês, MAPK) fosfatase-1 (MKP-1), aumentou em dobro em subáreas do hipocanpo de indivíduos com transtorno depressivo maior (sigla em inglês MDD), quando comparado com os indivíduos controle.

Mitógeno é um conjunto de substâncias extracelulares que estimulam a proliferação celular e que tem a capacidade de ativar algumas proteínas quinases. Em certas doenças, como por exemplo, o Mal de Parkinson, um tipo específico de MAPK está relacionado à morte de neurônios, em ratos. A MKP-1 é um importante regulador negativo da liberação da MAPK – uma via essencial de sinalização envolvida na plasticidade neuronal, na função e sobrevivência dos neurônios. A atuação da MKP-1 como regulador se deve ao fato de ela ser uma proteína  que desfosforila resíduos tanto de treonina, quanto de  tirosina.

Em experimentos pré-clínicos realizados com ratos e camundongos, os pesquisadores testaram a consequência da alteração da expressão da MKP-1, mediante situações de estresse ou transferência gênica. Os resultados mostraram que o aumento na expressão da MKP-1 no hipocampo desses animais foi o responsável pelo comportamento depressivo. De acordo com a pesquisa, o tratamento antidepressivo crônico normalizou o estresse e o comportamento, induzidos pela expressão do MKP-1, dos animais. Além disso, eles conseguiram observar que nos ratos em que faltava o MKP-1, se tornaram resistentes ao estresse.

Os testes conseguiram mostrar o papel desempenhado pelo MKP-1 no aparecimento da MDD, descoberta essa, que pode ser importante para a criação de novas terapias que tenham esse regulador como um alvo no tratramento dessa doença.

22/10/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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