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Revelada a translocação do RNAm

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A saída do RNA mensageiro (RNAm) do núcleo celular em direção ao citoplasma para a realização da síntese protéica, tem alguns dos seus detalhes observados pela primeira vez. Para isso, um grupo de pesquisadores da Albert Einstein College of Medicine of Yeshiva University, EUA, desenvolveu uma técnica de microscopia capaz de observar como ocorre a saída desse ácido nucléico. Os resultados do estudo foram publicados na edição online do dia 15 de setembro da revista Nature

 Para que a síntese protéica possa acontecer o RNAm – produzido no núcleo a partir DNA (transcrição) – tem que passar pelos poros da carioteca – membrana que isola o material genético (DNA) presente no núcleo, do citoplasma. Apesar do amplo conhecimento a cerca da estrutura física e da composição dos poros nucleares, pouco se sabe ainda sobre a capacidade seletiva de transporte e a dinâmica da saída do RNAm. 

Até então, o limite de resolução da microscopia era de 200 nm (nanômetros), ou seja, insuficiente para observar detalhes dos poros nucleares, com cerca de 120 nm.  Nesse estudo, os pesquisadores desenvolveram uma técnica de registro de microscopia por fluorescência, que pode superar as limitações atuais na medição de distâncias intermoleculares. Utilizando câmeras de alta velocidade para filmar os RNAm passando pelos poros, os cientistas marcaram essas moléculas com uma proteína fluorescente amarela e o poro nuclear com uma proteína fluorescente vermelha. 

Com este método a equipe conseguiu uma precisão de tempo 20 ms (milissegundos) e de cerca de 26 nm de precisão espacial, o que possibilitou a captura de várias interações momentâneas em células vivas.  Essa abordagem ajudou a equipe a resolver, espacialmente, a cinética de transporte do RNAm em células de mamíferos. Além disso, mostrou um modelo de três etapas do processo de saída do RNAm do núcleo, que consiste no acoplamento, no transporte e na libertação, com tempos de 80, 5-20 e 80 ms, respectivamente, em um total de 180 ± 10 ms. 

Um fator interessante observado pela equipe de pesquisadores foi o de que a translocação do RNAm por entre os canais da membrana nuclear não é o passo limitante, pois essas moléculas podem transitar de forma bidirecional pelos poros. Outra constatação feita foi a de que nem todos os poros são igualmente ativos. 

Os resultados dessa pesquisa estão ajudando os cientistas a compreenderem melhor como o RNAm passa pelos poros da membrna nuclear em direção ao citoplasma que, segundo o comentário do professor do Albert Einstein College,  Robert Singer, ao Science Daily, sempre foi para os cientistas a parte mais lenta de todo o processo de translocação. Surpreendentemente, foi observado que a passagem do RNAm pelos poros é rápida e que os processos mais lentos ocorrem no núcleo, enquanto a molécula aguarda para ser liberada para o citoplasma.
01/10/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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