A genética de populações - estudo da distribuição e mudança na freqüência de alelos - tem como um dos seus objetivos explicar fenômenos como a adaptação e a especiação. O conhecimento da composição genética das populações é importante para o estudo da evolução. Em entrevista dada à Agência FAPESP, o cientista do Departamento de Biologia da Universidade da Louisiana em Lafayette, Estados Unidos, Joseph Neigel, comentou que os resultados de alguns estudos realizados ao longo dos anos sobre a genética de populações marinhas e sobre a dispersão desses organismos devem ser reinterpretados. E isso será possível graças ao desenvolvimento de novos métodos e tecnologias que possibilitam a identificação genética de larvas e a pesquisa da distribuição temporal e espacial, desses organismos em comunidades planctônicas.
A equipe de pesquisadores liderada pelo cientista desenvolveu métodos que a princípio, eram usados para identificar larvas de espécies invasivas, mas a aplicação dessas técnicas foi reorientada de acordo com as lacunas científicas existentes. O resultado dessa mudança mostrou que esses métodos de identificação poderiam ser utilizados para determinar o seu genótipo.
Posteriormente, eles conseguiram associar essas técnicas a métodos estatísticos que pudessem estimar o fluxo genético das espécies a partir do uso de sequências de DNA como marcadores moleculares. Segundo o pesquisador, dessas formas é possível detectar a presença de um único organismo em uma grande amostra de plâncton.
Um dos exemplos de aplicação desses métodos apresentados pelo cientista, para a busca de resultados mais concretos é o estudo realizado por seu grupo, no Golfo do México, com duas espécies de caranguejo – a Menippe adina e a Menippe mercenaria, ambas comuns em costões da região. As pesquisas iniciais sobre a presença de pequenas diferenças morfológicas nesses animais começaram em 1986.
Os estudos com essas duas espécies se basearam na análise de alozimas - isoenzimas produzidas por diferentes alelos do mesmo gene. A conclusão foi a de que os caranguejos possuem muitas diferenças genéticas.
A avaliação da distribuição desses animais na costa norte-americana revelou que a M. adina é predominante no litoral do Texas e a M. mercenaria se estende por toda a costa Atlântica da Flórida. Já no litoral da Flórida, voltado para o Golfo do México, encontra-se uma faixa de transição, onde as duas espécies são encontradas.
Os pesquisadores acreditam que as novas técnicas e metodologias possam ajudar no avanço de várias pesquisas com resultados ainda controversos, trazendo outras interpretações dos dados obtidos.
16/09/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
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