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Nova técnica de detecção bacteriológica

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Os alimentos constituem um dos principais vetores de organismos patogênicos, causando as chamadas toxinfecções alimentares. De acordo com as estatísticas mundiais, há um aumento preocupante na incidência de intoxicações por alimentos nos países desenvolvidos. Estas condições se apresentam como uma ameaça à saúde e bem-estar dos consumidores, causando perdas econômicas consideráveis em termos de dias de trabalho perdidos e custos para os sistemas de saúde. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), por ano, cerca de 30% da população dos países industrializados sofre deste tipo de doença.

Existem diversos agentes causadores de infecções alimentares, os biológicos, tais como as bactérias, os vírus, os parasitas, os príons, as toxicinas de origem não bacteriana e os não biológicos, como os poluentes orgânicos persistentes (POP) e os metais pesados.    

Dentre os agentes infecciosos de origem biológica, a salmonela está entre um dos principais causadores das toxinfecções alimentares. Essa bactéria, pertencente à família Enterobacteriaceae, causa uma doença infecciosa chamada salmonelose. Devido à sua grande importância, em relação à segurança alimentar, grandes esforços têm sido despendidos no sentido de tentar diminuir os casos de infecção e de detecção do microorganismo.

No intuito de colaborar com a qualidade dos alimentos, pesquisadores da Universidade do Estado de Iowa, EUA, desenvolveram um estudo com o objetivo de aperfeiçoar a metodologia de detecção e identificação genética de micro-organismos, por meio da qual se realiza a reação de PCR no DNA total extraído de uma amostra do alimento. A pesquisa, que é liderada pelo professor assistente de ciências de alimentos e de nutrição humana, Dr. Byron Brehm-Stecher, tem como objetivo aperfeiçoar o sistema utilizado atualmente, para um novo método, que é mais rápido e que oferece maiores detalhes sobre o genoma da bactéria. O artigo com os resultados do estudo pode ser encontrado na edição desse mês do periódico Nature.

A nova técnica consiste em uma rápida reação de PCR para a amplificação de um gene específico da salmonela, gerando milhões de cópias do DNA com marcador fluorescente. Na etapa seguinte, o produto é purificado, recebe o reagente SNAP71, seguido de um aquecimento do DNA. O resultado desse procedimento é o corte do DNA marcado nas bases nitrogenadas adenina e guanina, produzindo uma solução de fragmentos.

Os fragmentos são separados, colocados em um campo de alta voltagem e selecionados por meio de uma matriz polimérica (gel) que contém capilares de vidro. Ao passarem por esses tubos, cada fragmento é detectado por uma fonte de luz intensa. O novo procedimento não substitui diretamente o seqüenciamento do genoma, no entanto, ocorre a rápida formação de um padrão de reprodutibilidade dos fragmentos.     

A formação desses padrões é uma grande vantagem, pois as cepas de salmonela possuem poucas diferenças nas seqüências de DNA em um gene específico, o que produzirá diferentes padrões de fragmentos. Portanto, com a nova metodologia será possível discriminar as diferentes cepas de salmonela presentes nos alimentos.  A outra vantagem é a rapidez com que esses processos ocorrem.

O uso da técnica será de grande valia, pois permitirá uma rápida detecção e identificação de diferentes cepas que possam estar presentes em um determinado alimento. A maior agilidade poderá ser fundamental para o reconhecimento precoce de surtos de intoxicação alimentar, assim como, impedir a chegada de produtos contaminados ao consumidor. Em situações como essa, o tempo é um fator fundamental para a tomada de decisão, e o novo método se mostrou eficaz nesse quesito também. Os pesquisadores esperam que no futuro próximo, esse processo seja utilizado de forma contínua dentro das indústrias de alimentos.
21/05/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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