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Crise econômica influencia pesquisa mundial

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As notícias atuais sobre a falência de bancos e as quedas consecutivas de mercados fazem a população ter uma visão míope sobre o aumento de alguns índices financeiros - como aqueles que refletem a força da ciência, da tecnologia e da inovação de países em desenvolvimento. Apesar das turbulências da economia mundial, este potencial de crescimento deve, provavelmente, continuar.    Retratos dessa tendência foram capturados, esta semana, em uma publicação da Revista Nature, intitulada A World of Science in the Developing World, pela Academia de Ciências para os Países em Desenvolvimento (TWAS), que comemora seu 25º aniversário, no próximo mês. Nas duas últimas décadas, a transformação do volume e da qualidade das investigações científicas abrangeu grandes nações, como Brasil, China, Índia, México, e também algumas menores, como Chile, Malásia, Ruanda e Vietnam. Nestes países, o investimento em pesquisa, em tecnologia e em educação é considerado prioridade nacional.   

A maioria dos países em desenvolvimento investe 2% ou mais de suas rendas em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Simultaneamente, padecem de problemas considerados alarmantes por toda a comunidade mundial. A ligação entre os gastos em P&D e a saúde nacional está sujeita a muitos debates entre pesquisadores sociais. Mas muitos políticos, financiadores e líderes da ciência vêem o relacionamento de forma direta: mais ciência fornece retornos sociais valiosos, incluindo um nível elevado de saúde, de instrução e de mão-de-obra especializada.

Mesmo as regiões produtoras de petróleo no Oriente Médio – que se apoiaram em bons padrões de vida sem aplicar fundos na ciência e na tecnologia – já apresentam uma forma diferente de pensar sobre o assunto. O programa de construção da maior universidade da história da região, financiado pelo rendimento adicional dos preços elevados de petróleo, está agora em curso.

A variação do valor deste combustível fóssil (e de outros produtos) é determinada pela confiança nos mercados financeiros e altera o nível de cautela dos investimentos em ciência. Os grandes países em desenvolvimento podem resistir à crise devido à intervenção preponderante do estado nas pesquisas. Se o setor privado P&D começar a declinar, o estado deve manter o investimento ou pelo menos se aproximar daqueles que são realizados atualmente.    Os países menores (e mais pobres) terão uma missão maior do que a dos demais. Muitos já estão pedindo suporte a instituições, como o Fundo Monetário Internacional (IMF), e têm como prioridade aumentar a despesa com programas que visam ao bem-estar. Mas os países que pretendem permanecer no trajeto atual, isto é, incentivando claramente sua P&D, têm um perfil adequado para conter a atual crise, situação não verificada em problemas econômicos anteriores.

Em 1980, por exemplo, países que obtiveram empréstimos do IMF e do Banco Mundial eram informados que o seu governo teria que adotar cortes profundos na P&D. A ciência e a educação superior foram duas das maiores vítimas e, em alguns países, os efeitos ainda podem ser visualizados. No ano de 2008, em  resposta à crise financeira, muitos governos do mundo desenvolvido não falam de cortes, mas de reconstrução e de reforço das instituições públicas. Além disso, há consenso de que a arquitetura financeira do mundo precisa de reformas. Tendo em conta tal ambiente, a mensagem é clara: países mais pobres devem continuar estabelecendo infra-estrutura de conhecimento, enquanto os países mais ricos deverão colaborar para que isso aconteça.

06/11/2008
 

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