Imprimir

Transcriptoma da cana de açúcar

.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deverá colher 655,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2015/2016, um aumento de 3,2% em relação ao ciclo 2014/2015, de 634,8 milhões de toneladas.

A importância dessa gramínea para o agronegócio brasileiro vem despertando produtores e a comunidade científica para o desenvolvimento de cultivares cada vez mais produtivas, mas que também possam ser utilizadas como fontes alternativas de energia. O caldo da cana, rico em açúcares, por meio da fermentação, pode produzir etanol e o bagaço – biomassa residual -, vem sendo amplamente utilizado para produzir eletricidade, a chamada co-geração, e mais recentemente o bioetanol celulósico. Podem ser utilizados também a vinhaça, para a produção de fertilizantes, a torta de filtro, o bagaço, na alimentação animal e geração de energia, e a palhada, também como geradora de energia.

Mediante um mercado com uma demanda cada vez maior por energias renováveis e menos poluentes, pesquisadores dos Institutos de Química (IQ) e de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com cientistas dos Departamentos de Biologia Vegetal e de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (MG), do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) do Bioetanol, estudaram diversos fatores genéticos ligados à biossíntese de compostos da parede celular, a fim de melhorar a produção de bioenergia, a partir dos derivados da cana.

Em entrevista à Agência FAPESP, a pesquisadora e professora do IQ-USP e coordenadora do projeto, Glaucia Mendes Souza, comentou que as descobertas realizadas até o momento abrem caminho para a identificação de vias bioquímicas importantes que podem ajudar a desenvolver novas variedades de cana ou de plantas transgênicas úteis para a produção de bioetanol e de novos materiais em biorrefinarias.

O foco dos pesquisadores foi a análise do transcriptoma de três espécies ancestrais da cana – Saccharum officinarum, S. spontaneum e S. robustum –, usadas nos programas de melhoramento para gerar cultivares, e de uma variedade comercial da planta, a RB867515.

Essa análise possibilitou a inédita construção de redes de genes que se alteradas, poderiam melhorar características da cana, tais como a produção de sacarose e de fibra na parede celular da planta. Os resultados possibilitaram a identificação de 18 genes, dentre eles o ScMYB52, responsáveis pela codificação de proteínas que ativam ou inativam a expressão de outros genes, os quais podem ser reguladores-chave da biossíntese da parede celular da cana-de-açúcar.

07/07/2016
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG