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Transposons têm padrão individualizado

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A importância da cana-de-açúcar, tanto no mercado brasileiro quanto no mundial, justifica o número crescente de estudos sobre essa gramínea. Umas das principais características do genoma da espécie comercial da cana – híbrida do cruzamento de Saccharum officinarum e Saccharum spontaneum. S. officinarum – é a poliplodia que caracteriza a sua complexidade genética.

 

Dentro desse contexto, pesquisadores brasileiros desenvolveram estudos inovadores sobre os retrotransposons e os LTR-retrotransposons (Long Terminal Repeat-transposons) presentes no genoma da cana. Os retrotransposons, classe de elementos móveis que se deslocam no genoma por meio de uma molécula intermediária de RNA, a qual sofre transcrição reversa, podem ter ligado a uma de suas extremidades uma sequência repetida (LTR) em tandem, ou seja, uma seguida da outra.

O estudo desenvolvido por um grupo de cientistas, liderado pela bióloga da Universidade de São Paulo (USP), Marie-Anne Van Sluys, foi publicado no Plant Journal. Nele, os pesquisadores demonstraram que os movimentos desses elementos transponíveis não ocorrem de forma tão aleatória como se imaginava, e que é possível que eles tenham um papel importante na dinâmica do genoma.

Um outro estudo que mereceu destaque ainda maior, ocorreu com a colaboração do pesquisadores da Universidade Estadual Paulista, dentre eles Fabio Nogueira, e da Universidade Estadual de Campinas, Renato Vicentini. Em um resultado inédito, os cientistas conseguiram mostrar que, ao se destacarem do seu local de origem, os LTR-transposons, que possuem padrões individualizados, se fixarão em outro local de forma não tão aleatória, esclareceu Marie-Anne em entrevista à Agência FAPESP. Esse resultado mostra que há tendências diferentes para cada família de transposons, de se fixarem em certas regiões cromossômicas ou cromossomos.

O desenvolvimento desses estudos ocorreu a partir dos resultados obtidos pelo Projeto Genoma Cana-de-Açúcar (Sucest) que identificou a existência de 276 elementos de transposição ativos no genoma da espécie. A partir dessas importantes descobertas, a equipe da pesquisadora da USP e das demais universidades paulistas, sequenciaram mil pedaços do genoma da cana.   

A partir dessas análises, os pesquisadores obtiveram resultados que mostram que as famílias LTR-RT têm comportamentos distintos e com potencial para afetar o genoma de diversas formas, como por exemplo, atingir genes próximos, gerando um conjunto diversificado de pequenos RNAs que acionam mecanismos de silenciamento. Os testes mostraram também evidências de que as espécies ancestrais deixaram para as cultivares modernas um número significativo desses elementos, a partir de linhagens de RT-LTR.

O objetivo dos pesquisadores, após a descoberta dos padrões de movimentação, é o de caracterizar como a interação desses elementos pode influenciar a ação sobre os genes. Na prática, essas descobertas podem contribuir para o melhoramento genético da cana, pois os transposons ajudarão a identificar e controlar o funcionamento dos genes, de forma a produzir variedades mais adaptadas a diferentes ambientes.

30/08/2012
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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