Planta de tabaco transgênico é mais tolerante ao frio

As diferentes espécies de plantas cultivadas pelo homem, assim como as nativas, se comportam de formas distintas às mais variadas intempéries, como seca e frio intensos, altas temperaturas, entre outras. Além disso, outros fatores, como o ataque de insetos, vírus, bactérias e fungos, podem causar enormes prejuízos à agricultura. Pesquisadores vêm tentando achar a melhor forma de minimizar ou mesmo anular os diversos fatores que possam causar a diminuição parcial ou até a perda total das lavouras, a partir de diversas tecnologias e produtos à disposição no mercado. O uso da Biotecnologia poderá ser o grande trunfo da ciência para solucionar esses problemas.

Um exemplo do uso da Biotecnologia na agricultura é o estudo realizado na Universidade Xianjiang, na China, onde pesquisadores descobriram uma classe de polipeptídeos, produzidos por algumas espécies de animais, vegetais e bactérias, que conferem, a estes organismos, característica de resistência a temperaturas negativas. Esses polipeptídeos são conhecidos como proteínas anticongelantes (AFPs, sigla em inglês para Antifreeze Proteins) e atuam de diversas formas nos cristais de gelo, modificando sua forma, inibindo seu crescimento e reprimindo a recristalização.

As AFPs, encontradas no inseto Microdera puntipennis dzhungarica, são expressas pelo gene MpAFP149. Os pesquisadores estudaram este gene para entenderem como ele atua na proteção de plantas contra o congelamento. Com este objetivo, eles utilizaram a Agrobacterium tumefaciens, para realizar, por meio da inserção do vírus 35S, do mosaico da couve-flor, no espaço apoplástico da célula vegetal, a transformação genética da planta de tabaco.

Resultados

Os pesquisadores utilizaram a técnica de microscopia eletrônica de transmissão (TEM, sigla em inglês para transmission electron microscope), com o objetivo de observarem a distribuição da proteína heteróloga MpAFP149 na parede das células da região apoplástica do tabaco transgênico. As plantas analisadas pertenciam à geração T1 e apresentaram uma maior resistência às geadas em comparação às plantas selvagens, após terem sido submetidas a temperaturas de –1°C, durante três dias. Os pesquisadores observaram que as plantas transgênicas, ou seja, que receberam a proteína MpAFP149, foram mais resistentes ao estresse pelo frio (congelamento) do que as plantas nativas.

A Agrobacterium tumefaciens, agente etiológico da galha-da-coroa (formação de uma galha na coroa, entre o tronco e a raiz, ou diretamente nas raízes da planta infectada), é uma bactéria tipicamente do solo. A presença, nas agrobactérias, de um plasmídio de alto peso molecular, conhecido como plasmídio Ti (do inglês tumor-inducing), é o que dá a capacidade de a A. tumefaciens infectar células vegetais, permitindo, aos cientistas, utilizá-la na transformação de plantas normais em transgênicas. Essa tecnologia pode ajudar na obtenção de plantas mais resistentes, diminuindo os prejuízos provenientes de diversos fatores.

31/07/2008
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG