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Cultura de células pode ajudar a aumentar a produção de bioinseticidas

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O Brasil é considerado um dos maiores celeiros agrícolas do mundo e neste contexto o uso da tecnologia na agricultura tem um papel fundamental. Os defensivos agrícolas ainda são a principal forma que a maioria dos produtores usa para o controle de pragas e doenças nas lavouras.

Este fato muitas vezes repercute de forma negativa para o produtor, onerando os custos de produção, agredindo o meio ambiente e lesando o consumidor final, pois a maioria desses produtos são altamente cancerígenos.    Muitas pesquisas estão em andamento no sentido de diminuir o uso de defensivos agrícolas nas lavouras brasileiras. O Cenargen (Recursos Genéticos e Biotecnologia), unidade da Embrapa, em parceria com a Universidade do Rio Grande do Norte, vem estudando a produção de bioinseticidas a partir dos vírus que atacam pragas específicas das lavouras.

O vírus que mais tem se destacado, no Brasil, para o controle de pragas é do grupo do baculovírus, o qual atua infectando invertebrados do tipo lepidópteros. Esse vírus não prejudica outros tipos de invertebrados, e não cria resistência nestes insetos, sendo portanto seguro ao meio ambiente.     Lavouras como a da soja e do milho são destaque no uso dos bioinseticidas, que são específicos para a praga que ataca cada uma delas, como o bioinseticida baculovirus anticarsia (AgMNPV), utilizado na soja para controle da Anticarsia gemmatalis e o bioinseticida produzido a partir do baculovirus spodoptera para controle da lagarta do cartucho-do-milho Spodoptera frugiperda

A produção do baculovírus anticarsia é feita a partir de lagartas vivas, as quais são infectadas nas lavouras para posteriormente, em laboratório, serem purificadas para a produção da formulação viral que será transformada em um produto comercial. Sendo este método de produção muito trabalhoso e dependente de vários fatores, a tecnologia de produção de baculovírus em larga escala através da cultura de células pode ser uma boa alternativa.     Na cultura celular (cultivo celular) o baculovírus é produzido dentro das células dos insetos, em laboratório, e esta técnica permite que a produção do mesmo ocorra em diferentes escalas, podendo ser a cultura estática, os spinners e os biorreatores. A infecção das células pode ocorrer na forma extracelular do baculovírus resultando na produção da forma oclusa (poliedros), podendo então ser utilizados como bioinseticidas.  

Limitações

A passagem do vírus em cultura de células pode causar algumas alterações genéticas no próprio vírus, o que torna essa técnica limitada, mesmo sendo vantajosa em relação à produção do vírus a partir das lagartas. As alterações genéticas relacionadas a esta técnica podem formar mutantes conhecidos como mutantes FP (Few Polyedra) com poucos poliedros no núcleo da célula do inseto, ou formar “Partículas Interferentes Defectivas (DIP)”, ou seja, partículas virais com grandes perdas de genoma.

Apesar dessas limitações, estratégias têm sido estudadas para superá-las com o objetivo de otimizar o processo e assim aumentar a produção do baculovírus in vitro. As estratégias estudadas são: seleção de linhagens adequadas de células e a obtenção de isolados virais mais estáveis.  

Baculovírus

O Baculovírus pertence à família Baculorividae e infecta principalmente representantes da ordem Lepidopra e são compostos pelos gêneros Nucleopoliedrovírus e Granulovírus, os quais diferenciam-se pelo tamanho e pela forma dos seus corpos de oclusão. Os Granulovírus produzem pequenas oclusões de forma oval conhecidas como grânulo, e os Nucleopoliedrovírus são maiores e produzem oclusões de formato poliédrico. A função dos corpos de oclusão é a de proteger as unidades que causam infecção (vírions) contra a degradação causada pelo ambiente, o que permite que a doença se espalhe entre os insetos-praga.

  
15/01/2007
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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