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Decifrado o código genético do arroz

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O Brasil faz parte de uma equipe internacional de cientistas, formada por profissionais de dez nações, que anunciou a versão mais completa do genoma do arroz, um dos principais alimentos na dieta de mais da metade da população do planeta. Os pesquisadores acreditam que a leitura do DNA ajudará no melhoramento genético do cereal e também contribuirá para o aumento de suas características produtivas e nutricionais.

O novo trabalho mostra o sequenciamento final e o mapeamento desse genoma, incluindo a identificação de 37.544 genes. Eles estão distribuídos em 12 cromossomos, com aproximadamente 389 milhões de nucleotídeos (A, T, C e G), que compõem o patrimônio genético do arroz, dos quais 95% foram identificados pelo consórcio. 

"O mapa genético vai acelerar tremendamente a busca por genes que aumentam a produtividade, protegem contra doenças e pragas ou fornecem resistência à seca no arroz e em outros cereais", disse Robin Buell, coordenador científico do Projeto Internacional de Seqüenciamento do Genoma do Arroz. 

Os cientistas também descobriram que grande parte do genoma de duas organelas - as mitocôndrias e os cloroplastos - vivem instalados no genoma "principal", no núcleo. Segundo Antônio Costa de Oliveira, da Universidade Federal de Pelotas, líder do quinteto brasileiro de cientistas participantes do projeto, esse fato é um detalhe totalmente inesperado.  
 

Chave    

Conforme os pesquisadores, o arroz está funcionando como a "Pedra de Roseta"(chave que permitiu decifrar a escrita hieroglífica) genética das gramíneas, grupo que inclui culturas essenciais como o trigo e o milho. 

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas - ONU -, o arroz fornece 20% da energia nutricional consumida no mundo atualmente. E, para suprir o aumento da demanda nas próximas duas décadas, a produção mundial de arroz deverá ser incrementada em 30%. 

No entanto, somente com as variedades existentes hoje no mercado, isso não será possível. "O aumento do potencial e da estabilidade da produção virá da combinação da biotecnologia e da melhoria dos cruzamentos convencionais. Ambos serão dependentes de uma seqüência genômica de qualidade para o arroz", afirma o artigo dos pesquisadores, publicado na revista Nature.

 

Proteção

Como o arroz é geneticamente similar a outros cereais como trigo, soja e cana-de-açúcar, o sequenciamento completo do seu genoma poderá acelerar o processo da descoberta de novas maneiras para proteger outras culturas e gerar grãos com maior resistência.

"Nós podemos usar o genoma do arroz como a base para estudos genômicos de outros cereais", disse Buell. 

Atualmente, cerca de 400 milhões de toneladas de arroz são consumidas no mundo a cada ano. Isso significa que a menor alteração na produção do cereal pode ter grande impacto no mercado global de alimentos.    

 

Revolução

O Projeto Internacional de Seqüenciamento do Genoma do Arroz se concentrou em subespécies de arroz, Oryza, japônica, cultivada no Japão, Korea e Estados Unidos, como parte dos estudos. 

"Muitos projetos genômicos têm revolucionado a biologia e o genoma do arroz promete inspirar novas pesquisas com cereais", ressaltou Claire Fraser, presidente do consórcio. 

Versões preliminares sobre o tema já haviam sido publicadas em 2002, assim como outros estudos produzidos por empresas privadas do setor agrícola.

 

14/08/2005
 

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