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Gene mutante causa doença em cães labradores

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Uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Minnesota, EUA, liderada pelo professor de veterinária e PhD, James Mickelson, descobriu, na raça de cão labrador Retriever, uma mutação gênica natural que jamais havia sido identificada em mamíferos. Mickelson é um dos principais pesquisadores do estudo, que resultou em um artigo publicado na revista Nature Genetics.

O gene identificado, pelos pesquisadores, na raça labrador, é uma forma mutante do dynamin 1 (DMN1) e tem uma forte ligação com a chamada síndrome do colapso induzido por exercício (EIC, syndrome of exercise-induced collapse). O cão labrador caracteriza-se pela grande habilidade de caçar, o que exige uma forte atividade física. A EIC faz com que o cão perca o controle dos membros traseiros, deixando-os trêmulos e frouxos e, em casos raros, pode até levar o animal à morte. De 3% a 5% da população mundial de labradores possui essa síndrome.

Os resultados das pesquisas levaram os pesquisadores a acreditarem que o gene exerce um papel importante na manutenção das propriedades neurotransmissoras, em condições de alta atividade sináptica. A proteína codificada por esse gene tem a função de manter a comunicação entre nervos adjacentes, mas, devido à mutação, ela tem sua função diminuída. Como resultado disso, a transmissão sináptica é interrompida durante a realização dos exercícios, levando à ausência do controle muscular.     

As chances de um cão da raça labrador carregar o gene mutante são de 30%, pois foi desenvolvido um teste genético que permite dizer se o animal possui a mutação. O teste ajuda tanto no diagnóstico da doença quanto para saber se o animal tem ou não as cópias do gene mutante. Para obter essas informações, basta o proprietário enviar, por intermédio de um médico veterinário, uma amostra de sangue para o Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Universidade de Minnesota. 

Os pesquisadores estão tentando descobrir também se outras raças podem carregar essa mutação e como as mudanças ligadas ao gene se desenvolvem. Além disso, a descoberta, inédita em mamíferos, feita pelos pesquisadores, pode ajudar a compreender melhor a neurobiologia dos animais e do ser humano em condições de normalidade ou não.

A síndrome de intolerância e do colapso por exercício tem sido observada com uma freqüência cada vez maior em animais jovens da raça labrador Retriever. Animais de diferentes pelagens, tanto machos quanto fêmeas, têm sido afetados a partir de cruzamentos não controlados, no entanto, a cor preta tem uma certa predominância sobre as outras.

Os primeiros sinais aparecem em cães jovens, entre 5 meses e 3 anos de idade, ocorrendo, em média, aos 14 meses e em animais que iniciam um treinamento físico pesado. Os cães afetados pela síndrome toleram uma intensidade de exercícios que varia de leve a extenuante. A excitação extrema causa fraqueza muscular e, posteriormente, leva ao colapso. Outras raças podem apresentá-lo esporadicamente. Apesar das pesquisas já desenvolvidas até agora, os fatores mais importantes, que induzem o problema, ainda não são totalmente conhecidos.

Essa descoberta pode ajudar médicos veterinários e criadores a realizarem um controle nos cruzamentos, através de uma seleção mais rigorosa dos animais utilizados, com o objetivo de aprimoramento da raça.    
25/09/2008
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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