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Doença de Huntington é estudada em primatas

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A Revista Nature on-line traz, nesta semana, os resultados de um estudo desenvolvido por cientistas do Centro Nacional Yerkes de Pesquisas, em Primatas da Universidade Emory em Atlanta (EUA), sobre a doença de Huntington. A novidade da pesquisa foi o uso de primatas, geneticamente modificados - feito pioneiro no mundo científico.  O macaco-rhesus ou reso (Macaca mulatta), utilizado na pesquisa, é um animal da família Cercopithecidae, que habita as florestas temperadas da Índia, da China e do Afeganistão. Essa espécie de macaco é objeto de muitas pesquisas e é usada em experiências laboratoriais, pois foi por meio dela que se demonstrou , pela primeira vez, o fator Rh do sangue.

Os animais transgênicos foram criados a partir de 130 ovócitos coletados das macacas, nos quais foram inseridos, por meio de um vetor, os genes causadores da doença. Os pesquisadores utilizaram um vírus, não infeccioso, da família dos lentivírus, caracterizado, principalmente, pelo seu ciclo vital lento, largamente empregado nas áreas de investigação biomédica. O fragmento de DNA usado na pesquisa foi o HTT mutante (mHtt). O vírus, que perdeu a capacidade de replicação (fase de multiplicação do material genético e produção das proteínas virais, mediada pelas proteínas P, que se associam formando o complexo da polimerase), foi utilizado, também, para inserir um gene produtor de uma proteína fluorescente verde (green fluorescent protein, GFP), necessária para a identificação, através do brilho, dos animais que desenvolveram a doença.

A doença de Huntington, de ocorrência rara, causa desordem neurológica hereditária, degenerativa e que afeta o sistema nervoso central, provocando o movimento involuntário, brusco e irregular dos braços, das pernas e do rosto, além de causar a perda progressiva de memória e senilidade mental precoce.  É uma doença causada por uma mutação genética que não tem cura, mas que pode ser tratada com medicamentos. O gene causador da doença situa-se no cromossomo 4. Esse mal ocorre devido ao surgimento de repetições anormais do trinucleotídeo, CAG (citosina, adenosina e guanina), que está presente no gene HTT, codificador da proteína. Em conseqüência do aparecimento dessas repetições anormais, é produzido o gene Huntington mutante (mHtt). A proteína defeituosa aumenta a disfunção nas mitocôndrias e a morte das células neuronais. Essa doença afeta de cinco a dez pessoas a cada mil, e os primeiros sintomas ocorrem, geralmente, nos movimentos involuntários.

A utilização de primatas nesta pesquisa se mostrou vantajosa, em relação ao uso de roedores, pois os primatas possuem um sistema nervoso muito mais parecido com o do homem e, conseqüentemente, as reações são quase idênticas às dos seres humanos. Essa vantagem se refletirá na compreensão, dos seres humanos, acerca da doença de Huntington, assim como de outras doenças neuropatológicas.

  
22/05/2008
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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