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Proteína impede interação do HIV-1 com linfócitos T

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A AIDS (sigla em inglês para Acquired Immune Deficiency Syndrome) ou SIDA, que em português quer dizer Síndrome da Imunodeficiência Adquirida é uma doença causada pelo vírus HIV (do inglês Human Immunodeficiency Vírus). O vírus HIV ataca os linfócitos (células responsáveis pela defesa do organismo), principalmente os linfócitos T, que são a linha de frente de defesa, deixando o organismo vulnerável e permitindo que outras doenças conhecidas como oportunistas se instalem. A ciência ainda não descobriu uma cura para a AIDS, entretanto, a evolução da tecnologia e das pesquisas, propicia o desenvolvimento de medicamentos cada vez mais eficazes, o que significa maior tempo e qualidade de vida para os infectados. 

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Massachusetts Amherst descobriu que uma proteína presente na saliva de uma espécie de carrapato (Ixodes scapularis), conhecida como Salp15, dificulta o ataque do HIV-1 aos linfócitos T. A Salp 15, uma proteína com 15 kDa (kDa é uma unidade de medida de massa molecular), é um dos principais imunomoduladores (qualquer material ou substância que altera o tipo, a velocidade, a intensidade ou a duração da resposta imune) produzidos pelas glândulas salivares da espécie de carrapato I. scapularis. A pesquisa contou também com a colaboração de outros pesquisadores como Ignacio Juncandella, Tonya Bates e Elias Olivera. 

A proteína produzida pela saliva do carrapato age impedindo que o vírus HIV-1 se fixe na superfície dos linfócitos T antes que se dê o início do processo de infecção. A ligação do vírus HIV-1 com o linfócito T ocorre por um sítio específico, conhecido como CD4, presente na superfície do linfócito. A ligação ao sítio do receptor CD4 ocorre graças a uma glicoproteína, chamada Gp120, presente na superfície do vírus HIV-1. A Salp 15 age impedindo a ligação do vírus HIV-1 ao se ligar a proteínas do receptor CD4 na região onde o vírus se vincula. Os resultados dos estudos em laboratório mostraram que a Salp 15 pode diminuir a ligação do HIV-1 ao receptor CD4 em até setenta por cento, além disso, outros estudos mostraram que a proteína tem a capacidade de se ligar também a glicoproteína Gp120.

Algumas doenças autoimunes poderão se beneficiar com a ação da proteína Salp 15 que tem a capacidade de suprimir a ação das células T nestes tipos de doenças, tais como a asma e esclerose múltipla.  Os pesquisadores acreditam que o tratamento com a proteína Salp 15 poderá ser útil para combater a rejeição de órgãos transplantados. 

Um outro estudo, mostrando a capacidade de inibição da proteína Salp 15, teve a colaboração dos pesquisadores Anguita e Juncandella em parceria com o Vermont Lung Center e com a Universidade de Vermont. Neste estudo a proteína foi testada em camundongos para tentar inibir o desenvolvimento da asma. Após induzirem a asma em camundongos, os pesquisadores comparam esse grupo de animais a um grupo controle. Os resultados mostram que os animais que receberam a proteína, apresentaram vias aéreas menos reativas e com níveis inferiores de marcadores bioquímicos, que têm por função indicar a resposta das células T. De acordo com a pesquisadora Anguita o uso da proteína pode beneficiar os portadores de HIV-1, pacientes transplantados e com doenças autoimunes, diminuindo os efeitos colaterais dos medicamentos utilizados atualmente.

  
27/02/2008
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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