Logotipo Biotec AHG

Lúpus nas mulheres: novos fatores genéticos são identificados

Imprimir .
Um consórcio internacional de pesquisadores e de peritos clínicos da genômica, incluindo pesquisadores do Instituto do Coração de Montreal (MHI) e da Universidade de Montreal (UdeM), descobriram novos fatores genéticos de risco para lúpus sistêmico (SLE), conhecidos geralmente como lúpus. O estudo genômico de grande escala é o primeiro de seu tipo ao investigar a base genética do lúpus. O Dr. John D. Rioux, professor adjunto da medicina no MHI e na UdeM é co-autor do estudo que aparece na edição de Janeiro do periódico Nature Genetics

O lúpus sistêmico pode afetar os rins, coração, pulmões, cérebro, o sangue, entre outros. Num universo de 100.000 pessoas o lúpus atinge aproximadamente 30 e afeta, sobretudo mulheres, numa proporção nove vezes maior do que nos homens. Os pesquisadores acreditam que o lúpus está em constante evolução pelas variações genéticas da própria doença e pelos fatores ambientais.

A equipe de pesquisadores estudaram o DNA de 720 mulheres com lúpus e de outras 2337 sem a doença, analisando todo o genoma através de 317.000 SNPs. Single Nucleotide Polymorphisms (SNP), do inglês, polimorfismo simples de nucleotídeo, que são as posições nos cromossomos onde uma única unidade de DNA, ou material genético, podem variar de uma pessoa para a outra. O objetivo da pesquisa foi de fato identificar SNPs ligados ao lúpus. Os resultados foram confirmados comparando-os com outros dados independentes, na qual constavam 1.846 mulheres com a doença e 1.825 mulheres sem lúpus.

Os pesquisadores encontraram evidências da relação da doença com três genes descobertos: ITGAM, KIAA1542 e PXK, e uma região do genoma que não contém nenhum gene conhecido. O gene ITGAM é importante quer para a aderência de células imunes, quer para limpeza de micróbios patogênicos. O segundo gene destacado pelos pesquisadores é o KIAA1542, importante para traduzir o código do DNA em proteínas. Finalmente o gene PXK codifica uma molécula que transmite sinais e controla complexos processos nas células. Os pesquisadores encontraram nestes genes associação com o lúpus e com outras doenças auto-imunes.

“Estes resultados ajudam a delinear as diferenças genéticas entre a artrite reumatóide, o lúpus e outras doenças auto-imunes que poderiam conduzir a diagnósticos mais precoces e exatos,” disse o Dr. John Harley, diretor da SLEGEN que pertence a Oklahoma Medical Research Foundation, nos EUA. “Os pesquisadores identificaram detalhes moleculares que nos ajudam a compreender melhor a circunstância da doença, e dessa forma, futuramente, o objetivo será atacar diretamente os alvos genéticos, visto que cada vez mais conhecemos os genes associados ao lúpus, e conduzir da melhor forma as já existentes terapias.”

“Graças a estas descobertas, podemos focalizar nossa pesquisa sobre caminhos específicos a serem seguidos, ao encontro dos genes identificados, e com isso entender os mecanismos moleculares com precisão, porque sabemos agora que estes genes contribuem para o risco do lúpus,” disse o Dr. Rioux.    Estas recentes descobertas fizeram com que se chegasse a identificação de um dos primeiros fatores de risco genéticos para o lúpus sistêmico. “Em nosso estudo anterior, identificamos um gene chamado TNFSF4, importante na comunicação entre diferentes células do sistema imunitário, que também é envolvido na susceptibilidade ao lúpus sistêmico,” disse Dr. Rioux. 

“Os avanços tecnológicos que tornaram estes estudos possíveis estão revolucionando verdadeiramente nossa habilidade de identificar fatores de risco genéticos para doenças comuns. Estas descobertas representam o avanço principal em nossos esforços para usar a informação genética, no sentido de melhorar o diagnóstico e o tratamento de nossos pacientes,” concluiu Dr. Jean-Claude Tardif, diretor do centro de pesquisa do MHI e professor na Universidade de Montreal. 

Tardif mencionou ainda que “esta contribuição notável para o avanço do conhecimento médico confirma o valor da estratégia da Universidade de Montreal no campo da genética e da genômica, procurando responder a importantes questões médicas e dando suporte as colaborações internacionais na pesquisa contra o lúpus. Este trabalho foi financiado pela Aliança à Pesquisa do Lúpus e pelo Instituto Nacional da Saúde (NIH) dos EUA.

   
07/02/2008
 

 © BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.