Polímeros biodegradáveis são gerados pelosetor Alcooleiro |
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A empresa Irmãos Biagi e o Grupo Balbo (ambos do setor sucroalcooleiro) investiram US$ 20 milhões em um projeto que visa produzir a partir da cana-de-açúcar uma resina plástica biodegradável. A união foi denominada PHB Industrial, ou também chamada Biocycle. Embora tenha iniciado suas atividades há pouco tempo, a PHB Industrial foi fundada em 2000. Sylvio Ortega, diretor executivo da Biocycle, afirma que a unidade piloto tem capacidade para 60 toneladas por ano de PHB (poliidroxibutirato), além disso, Ortega explica que a empresa faz contratos comerciais para a viabilização da segunda parte do projeto, que pretende construir uma planta para a produção de 2 mil toneladas de resina por ano até 2008. Segundo ele, a resina atualmente não é encontrada no mercado brasileiro, é buscada na Ásia, Estados Unidos e Europa. O diretor executivo fala que os preços do PHB são mais elevados do que as resinas com origem petroquímica, porem a PHB provavelmente terá um custo comercial acessível com ganho de escala na segunda fase do projeto. O esperado é que o custo da resina seja três vezes maior do que o do polipropileno (PP), lembrando que a avaliação para este ano do PP é de cerda de US$ 1.080 por tonelada. A produção do PHB é completamente nacional, assim como boa parte das aplicações e do processo para fabricação da resina. Surgimento da idéia A idéia de fazer um biopolímero a partir da cana-de-açúcar surgiu na década de 90, a tecnologia contou com a participação da USP e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 1995 a Copersucar e o IPT da USP assinaram um adiantamento do protocolo de cooperação técnica, o que detalhou os direitos, obrigações, aspectos de propriedade e exploração de resultados de cada um, finalizando assim em um acordo firmado em 1998. A biossíntese dos biopolímeros PHB e do copolímero idroxibutirato-idroxivalerato, (PHB-HV) por fermentação aeróbia e pela extração e purificação do polímero por solvente tiveram um orçamento de 9 milhões de dólares. A empresa Biocycle conseguiu uma licença para produção de PHB, porém, a própria empresa patenteou algumas aplicações e processos desenvolvidos. Para Ortega, o PHB pode ser comercializado e modificado na forma de espuma, neste caso, o produto é capaz de tomar o lugar de resinas como o poliuretano (PU), o poliestireno (PS) e o poliestireno expandido (EPS). Assim, o PHB seria uma alternativa para resinas termofixas que não são possíveis remoldar ou reciclar. Um fato interessante a ser ressaltado é que a Biocycle é a primeira indústria a lançar o produto em escala industrial. A idéia do PHB havia sido cogitada na década de 80, mas rapidamente foi esquecida ao perceber-se que o produto seria inviável na questão de comercialização, afinal, o custo seria até 15 vezes maior do que as resinas plásticas convencionais. Projetos e Pesquisas O Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano, da UFRJ, realizou um estudo de reações de transesterificação do Poli(3-hidroxibutirato) com polietilenos funcionalizados. Em relação a este assunto, inúmeras pesquisas estão sendo feitas. O objetivo geralmente é reduzir a fragilidade deste material, pois este, geralmente apresenta uma tendência ao envelhecimento, resultante do aparecimento de trincas no interior de seus cristais, limitando assim suas aplicações. Em geral, a melhora de suas propriedades mecânicas poderia resultar na fabricação de materiais plásticos biodegradáveis adequados a aplicações práticas. Algumas pesquisas pretendem obter copolímeros com unidades de hidroxivalerato, pois este tem propriedades melhores do que o P(3HB), outras ainda, tomam como base a mistura física de diversos outros polímeros biodegradáveis e sintéticos.
31/01/2006
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