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Vírus faz mudança de tropismo celular

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Pesquisadores do Agricultural Research Service (ARS) descobriram como funciona o ciclo de vida do vírus causador da febre catarral maligna (FCM), responsável por infectar espécies de interesse econômico, como os bovinos e os ovinos, mas também animais selvagens, como os veados. Essa virose é uma doença infecciosa que pode ser causada por um grupo de herpes vírus gama de ruminantes, tais como o Alcelaphine Herpes Vírus 1 (AlHV-1) e o Herpes Vírus Ovino Tipo 2  (OHV-2), que apresentam alta mortalidade. Eles pertencem à família Herpesviridae, subfamília Gammaherpesvirinae.
 
Uma característica epidemiológica importante da doença é que ela  ocorre quando há ovinos, gnus e provavelmente outros ruminantes selvagens em contato com bovinos. Na maioria das vezes a FCM ocorre de forma esporádica com poucos animais afetados, mas podem ocorrer em surtos afetando até 50% do rebanho.

O objetivo da pesquisa é obter uma vacina eficiente no combate ao vírus, porém uma característica desse microorganismo tem dificultado todo o processo, que é a ausência de crescimento em meio de cultura celular. Nesse estudo, os cientistas descobriram que isso se deve ao fato do vírus realizar, dentro do animal, um mecanismo conhecido como mudança de tropismo celular. Isso ocorre porque nas diversas fases do ciclo de vida do vírus, ele tem como alvo diferentes tipos de células.

Nos ovinos, o ciclo de replicação do vírus compreende três fases, a entrada, a manutenção e a disseminação. A infecção se dá pela via nasal e ao atingir os pulmões ocorre a etapa de replicação, a qual é necessária para que ele possa infectar outros tipos de células, que são os linfócitos. Dentro dessas células o vírus realiza a fase da manutenção, na qual a replicação é mínima. Posteriormente, ele finaliza o seu ciclo se reativando e infectando as células da concha nasal, local em que se completará o processo de replicação e onde o vírus será lançado nas secreções nasais.
 
Os pesquisadores perceberam que o vírus, após se replicar nas células das conchas nasais, não são capazes de reinfectá-las devido à mudança de tropismo celular. Esse processo explica como o microorganismo consegue se manter na circulação e também o motivo pelo qual não é possível fazer a sua multiplicação em cultura de células. Conhecendo o mecanismo de replicação desse vírus nos animais, os cientistas terão melhores condições de encontrar as células certas para a sua multiplicação.

A alternativa encontrada pelos pesquisadores, enquanto eles não identificam as células ideais, é a de utilizar uma outra cepa de vírus FCM presentes em antílopes africanos. Além de não afetar bovinos, esta cepa consegue crescer em cultura de célula. Eles pretendem inserir genes dos vírus de ovinos no vírus dos antílopes, para tentar desenvolver a vacina.
09/04/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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